INCURSÕES

Os trabalhos apresentados nesta mostra são uma incursão pela pintura, que ainda continua desenho. Eles falam do embate entre forma e contra forma, como tentativas de ilustrar nossas partes desconhecidas através de insights. São como pequenos instantes em que algo que somos se revela e logo volta ao obscuro.  Para que esses flagrantes de imagens aconteçam em minha tela, a cor é o dado mais verdadeiro da narrativa.

Existe uma tensão entre espaço e figura. O espaço reclama um protagonismo nessas telas, e a figura se conforma cada vez mais como um fragmento do efêmero. Na verdade, um carrega a imagem do outro. Há um jogo de interrupções que simulam um falso desequilíbrio entre os dois.

Assim pretendo falar de um lugar interrompido pela figura humana que o atravessa e ameaça desaparecer furtivamente e de personagens envolvidos irremediavelmente por seu entorno. Podemos também intuir o espaço através da forma e, ao inverso, conhecer a figura pelo ambiente que a circunda e a invade. Minhas telas não passam de um jogo entre o espaço e a figura.

São narrativas de imagens, onde elas se esquivam para falar de memórias e cuja questão principal permanece sem respostas: onde está o espaço e qual é a figura?





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